sexta-feira, 1 de junho de 2012
Transcriações no Sarau Visgo e Improviso
No dia 30 de maio ocorreu a primeira edição do Sarau Visgo e Improviso, no Tucarena, em São Paulo. Foi também a comemoração dos 10 anos do Programa de Pós-graduação em Literatura e Crítica Literária da PUC-SP. Participei apresentando traduções/transcriações minhas de dois poemas de Stefan Tobler.
Veja o vídeo da minha apresentação nesse link do youtube.
Os poemas originais são Canción 1 e 2, e Considering calmly, impartially. Ambos foram publicados na Revista Shearsman (no. 79 & 80 – Spring Summer 2009, Edited by Tony Frazer). Logo abaixo estão as Traduções © de Ana Amália Alves.
Canción
1.
Each body with its desires
and the air carries sea-salt
two bodies share a bed
and the sea between them
the old song on the radio
the one they would fall asleep to
is the rhythm of a body
and each body asks after its rhythm
each body stopped and listening
and the song breaking each
lying next to the other
each facing the sea
2.
In tins and buckets
each carries with care
to bring for the other
what they can of the sea.
Note: the ‘Canción’ heard here uses a couple of lines from the Venezuelan poet Eugenio Montejo’s poem of the same name.
(By Stefan Tobler)
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Considering calmly, impartially,
this new machine to see with, and reading in its manual
that man or woman is nothing more
than composed of rectangles, ratios,
is a mutable mammal who combs
afterwards in Photoshop, considering this camera
and the six paths of illumination on its settings dial
Lightning Runner Mountain Flower Face Heart,
and considering that we are sad animals,
cough and spit better than incited cats
but otherwise have little to endear us,
that our tongues have lost their honey
and that love would have room
to shelter in our mouths as it did
before I forgot our cleaning rota and all hope,
and finding my eyes can’t quite focus,
and nothing working quite, can I turn back
to the Heart, and love, the mode for beginners,
just a click away, all I need
in most any light?
(By Stefan Tobler)
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Canción
1.
Dois corpos com seus desejos
e o sal do mar no ar
Dois corpos numa cama
e o mar entre eles
a velha música na rádio
que os fazia adormecer
é o ritmo de um corpo
cada corpo procurando o seu ritmo
dois corpos parados na escuta
e a música os invadindo
deitados um ao lado do outro
ambos de frente para o mar.
2.
Em baldes e latas
cada um carrega
levando para o outro
o que podem do mar.
Nota do poeta: A Canción ouvida aqui originou-se a partir do poema homônimo do poeta venezuelano Eugenio Montejo.
(Tradução © Ana Amália Alves)
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Considerando calmamente, imparcialmente
essa nova máquina de ver, leia no manual
que homens e mulheres são nada mais
que compostos de retângulos, razões,
mamíferos mutáveis que se penteiam
depois no PhotoShop. Considerando essa câmera
e os seis caminhos de iluminação em seu painel
raio correndo montanhas flor carinha coração,
e considerando que somos tristes animais,
tossimos e cuspimos melhor que gatos alvoroçados
mas por outro lado temos pouco que nos faça amáveis
que nossa língua acabou perdendo o mel
e que o amor poderia ter um espaço
para se proteger em nossas bocas como fazia
antes de eu perder nossa listinha de tarefas e toda esperança,
e que vejo que meus olhos não conseguem bem focar,
e que nada está funcionando, posso então retornar
ao coração, ao amor, esse modo para iniciantes,
apenas a um click, tudo que eu preciso
em toda e qualquer luz?
Nota do poeta: Aqui estão sendo usados alguns versos de um poema de Antônio Moura, que são por sua vez parcialmente retirados de um poema de Cesar Vallejo com um título similar (Considerando em frio, imparcialmente).
(Tradução © Ana Amália Alves)
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