tag:blogger.com,1999:blog-25965638983826212762024-03-12T17:09:30.623-07:00Militância poéticaAna Amáliahttp://www.blogger.com/profile/16560411221447746987noreply@blogger.comBlogger40125tag:blogger.com,1999:blog-2596563898382621276.post-87378389770413498482012-09-09T17:42:00.001-07:002012-09-09T17:42:41.494-07:00Meu aluno traduziu DrummondDedico este post a todos meus colegas professores que, como eu, duvidam da lógica de "acumulação de conhecimento" tão em voga no ensino de idiomas atual e acreditam que ter uma boa didática não é seguir um caminho de estruturas menos complexas da língua para as mais complexas (porque isso mesmo não é tão certo assim), mas sim dar a liberdade para o seu aluno desenvolver seus interesses pessoais e pensar crítica e esteticamente o mundo partir do conhecimento prévio dele. <br />
<br />
O Jordan começou a ter aulas comigo porque dizia que precisava aprender a falar português logo. Ele é americano e vai ficar em São Paulo por alguns anos. Como sua mãe é brasileira, ele já entendia muito da nossa língua quando começamos. Aos poucos, nosso interesse por poesia foi levando as aulas em outras direções além do material didático de português para estrangeiros que seguíamos. Eis que orgulhosamente posso apresentar aqui a primeira tradução dele de um poema brasileiro: <b>Perguntas em forma de cavalo-marinho</b>, de Drummond. <br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-hi5A9y1HjWg/UE03bRAjkhI/AAAAAAAAAHw/q6K39mc_HB4/s1600/cavalo-marinho.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="161" width="200" src="http://4.bp.blogspot.com/-hi5A9y1HjWg/UE03bRAjkhI/AAAAAAAAAHw/q6K39mc_HB4/s200/cavalo-marinho.jpg" /></a></div><br />
<br />
<br />
<b>Questions in Form of a Seahorse<br />
</b><i>Jordan Mandela Knudson<br />
</i><br />
What metric serves<br />
to measure us?<br />
What form is ours<br />
and what content?<br />
<br />
Contain we something?<br />
Are we contained?<br />
Are we named?<br />
Are we alive?<br />
<br />
To what do we aspire?<br />
What do we possess?<br />
What do we recall?<br />
Where are we laid to rest?<br />
<br />
(It never ends<br />
nor was created.<br />
A mystery is time,<br />
without equal.)<br />
<br />
<br />
<br />
<b>Perguntas em forma de cavalo-marinho<br />
<i></b>Carlos Drummond de Andrade<br />
</i><br />
Que metro serve<br />
para medir-nos?<br />
Que forma é nossa<br />
e que conteúdo?<br />
<br />
Contemos algo?<br />
Somos contidos?<br />
Dão-nos um nome?<br />
Estamos vivos?<br />
<br />
A que aspiramos?<br />
Que possuímos?<br />
Que relembramos?<br />
Onde jazemos?<br />
<br />
(Nunca se finda<br />
nem se criara.<br />
Mistério é o tempo<br />
inigualável.)<br />
<br />
(In: Claro enigma, 2002, Cia das Letras)<br />
<br />
E não pensem que ele parou por aí! Espero que logo eu possa publicar aqui as novas traduções dele!<br />
<br />
Fonte da imagem: http://antropologias.descentro.org/anima/about/Ana Amáliahttp://www.blogger.com/profile/16560411221447746987noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2596563898382621276.post-6315808776789360832012-06-01T12:10:00.002-07:002012-06-01T12:17:40.421-07:00Transcriações no Sarau Visgo e Improviso<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-EEzJbV_-zmk/T8kT1o2QvSI/AAAAAAAAAG4/FYLgLtLVVD4/s1600/6.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="200" width="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-EEzJbV_-zmk/T8kT1o2QvSI/AAAAAAAAAG4/FYLgLtLVVD4/s200/6.jpg" /></a></div><br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-udhcHVrzNQA/T8kREcX1WHI/AAAAAAAAAGo/o2qB-ge3Q14/s1600/4.jpg" imageanchor="1" style="clear:left; float:left;margin-right:1em; margin-bottom:1em"><img border="0" height="150" width="200" src="http://2.bp.blogspot.com/-udhcHVrzNQA/T8kREcX1WHI/AAAAAAAAAGo/o2qB-ge3Q14/s200/4.jpg" /></a></div><br />
No dia 30 de maio ocorreu a primeira edição do <b>Sarau Visgo e Improviso</b>, no Tucarena, em São Paulo. Foi também a comemoração dos 10 anos do Programa de Pós-graduação em Literatura e Crítica Literária da PUC-SP. Participei apresentando traduções/transcriações minhas de dois poemas de Stefan Tobler.<br />
<br />
<br />
<br />
Veja o vídeo da minha apresentação <a href="http://www.youtube.com/watch?v=lRS6CNi6okY">nesse link do youtube</a>.<br />
<br />
<br />
<br />
Os poemas originais são <b>Canción 1</b> e <b>2</b>, e C<b>onsidering calmly, impartially</b>. Ambos foram publicados na Revista Shearsman (no. 79 & 80 – Spring Summer 2009, Edited by Tony Frazer). Logo abaixo estão as Traduções © de Ana Amália Alves.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<b>Canción </b><br />
<br />
<br />
<b>1.<br />
</b><br />
Each body with its desires<br />
<br />
and the air carries sea-salt<br />
<br />
<br />
<br />
two bodies share a bed<br />
<br />
and the sea between them<br />
<br />
<br />
<br />
the old song on the radio<br />
<br />
the one they would fall asleep to<br />
<br />
<br />
<br />
is the rhythm of a body<br />
<br />
and each body asks after its rhythm<br />
<br />
<br />
<br />
each body stopped and listening<br />
<br />
and the song breaking each<br />
<br />
<br />
<br />
lying next to the other<br />
<br />
each facing the sea<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<b><br />
2.</b><br />
<br />
In tins and buckets<br />
<br />
each carries with care<br />
<br />
to bring for the other<br />
<br />
what they can of the sea.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
Note: the ‘Canción’ heard here uses a couple of lines from the Venezuelan poet Eugenio Montejo’s poem of the same name.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<i>(By Stefan Tobler)</i><br />
<br />
<br />
<br />
______________________________<br />
<br />
<br />
<br />
<b>Considering calmly, impartially,<br />
<br />
</b>this new machine to see with, and reading in its manual <br />
<br />
that man or woman is nothing more <br />
<br />
than composed of rectangles, ratios,<br />
<br />
is a mutable mammal who combs<br />
<br />
afterwards in Photoshop, considering this camera <br />
<br />
and the six paths of illumination on its settings dial<br />
<br />
Lightning Runner Mountain Flower Face Heart,<br />
<br />
and considering that we are sad animals,<br />
<br />
cough and spit better than incited cats<br />
<br />
but otherwise have little to endear us,<br />
<br />
that our tongues have lost their honey<br />
<br />
and that love would have room<br />
<br />
to shelter in our mouths as it did <br />
<br />
before I forgot our cleaning rota and all hope,<br />
<br />
and finding my eyes can’t quite focus,<br />
<br />
and nothing working quite, can I turn back <br />
<br />
to the Heart, and love, the mode for beginners,<br />
<br />
just a click away, all I need<br />
<br />
in most any light?<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<i>(By Stefan Tobler)</i><br />
<br />
<br />
______________________________<br />
<br />
<br />
<br />
<b>Canción<br />
<br />
1.</b><br />
<br />
<br />
<br />
Dois corpos com seus desejos<br />
<br />
e o sal do mar no ar<br />
<br />
<br />
<br />
Dois corpos numa cama<br />
<br />
e o mar entre eles<br />
<br />
<br />
<br />
a velha música na rádio<br />
<br />
que os fazia adormecer<br />
<br />
<br />
<br />
é o ritmo de um corpo<br />
<br />
cada corpo procurando o seu ritmo<br />
<br />
<br />
<br />
dois corpos parados na escuta<br />
<br />
e a música os invadindo<br />
<br />
<br />
<br />
deitados um ao lado do outro<br />
<br />
ambos de frente para o mar.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<b>2.</b><br />
<br />
Em baldes e latas<br />
<br />
cada um carrega<br />
<br />
levando para o outro<br />
<br />
o que podem do mar.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
Nota do poeta: A Canción ouvida aqui originou-se a partir do poema homônimo do poeta venezuelano Eugenio Montejo.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<i>(Tradução © Ana Amália Alves)</i><br />
<br />
<br />
<br />
______________________________<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<b>Considerando calmamente, imparcialmente</b><br />
<br />
<br />
essa nova máquina de ver, leia no manual<br />
<br />
que homens e mulheres são nada mais<br />
<br />
que compostos de retângulos, razões,<br />
<br />
mamíferos mutáveis que se penteiam<br />
<br />
depois no PhotoShop. Considerando essa câmera<br />
<br />
e os seis caminhos de iluminação em seu painel<br />
<br />
raio correndo montanhas flor carinha coração,<br />
<br />
e considerando que somos tristes animais,<br />
<br />
tossimos e cuspimos melhor que gatos alvoroçados<br />
<br />
mas por outro lado temos pouco que nos faça amáveis<br />
<br />
que nossa língua acabou perdendo o mel<br />
<br />
e que o amor poderia ter um espaço<br />
<br />
para se proteger em nossas bocas como fazia <br />
<br />
antes de eu perder nossa listinha de tarefas e toda esperança,<br />
<br />
e que vejo que meus olhos não conseguem bem focar,<br />
<br />
e que nada está funcionando, posso então retornar<br />
<br />
ao coração, ao amor, esse modo para iniciantes,<br />
<br />
apenas a um click, tudo que eu preciso<br />
<br />
em toda e qualquer luz?<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
Nota do poeta: Aqui estão sendo usados alguns versos de um poema de Antônio Moura, que são por sua vez parcialmente retirados de um poema de Cesar Vallejo com um título similar (Considerando em frio, imparcialmente).<br />
<br />
<br />
<br />
<i><br />
(Tradução © Ana Amália Alves)</i><br />
<br />Ana Amáliahttp://www.blogger.com/profile/16560411221447746987noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2596563898382621276.post-23642721257890852012012-04-16T06:23:00.001-07:002012-04-16T06:26:26.510-07:00Abigail Joy Tobler - 2a tradução de Ana Amália AlvesTradução de <span style="font-style:italic;">Facing the Firing Squad</span> – Abigail Joy Tobler<br />© Ana Amália Alves (anaamaliaalves@hotmail.com)<br /><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Encarando o esquadrão de fuzilamento<br /></span><br />Eu fiz como me foi dito:<br />pus meu braço sobre minha cabeça,<br />esperei o som do disparo,<br />sabendo que seria ligeiro<br />e relativamente sem dor.<br /><br />Um instante antes dele vir<br />eu senti uma mão escorregar suavemente<br />na minha, em solidariedade.<br />Eu não precisava daquele conforto,<br />mas senti gratidão.<br /><br />Créck! A arma disparou;<br />a dor adentrou pontiaguda pelo meu peito<br />aí tudo ficou parado. Agora<br />eu aguardo a longa semana<br />antes do resultado da biópsia. <br /><br />______________<br /><br /><br />In: <span style="font-weight:bold;">Pebbles, puddles and poppies – outlooks on the world around and the world within</span>. Hazlemere: Abigail Books, 2004.Ana Amáliahttp://www.blogger.com/profile/16560411221447746987noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2596563898382621276.post-31347286615770218212012-04-06T08:33:00.005-07:002012-04-06T08:42:52.092-07:00Abigail Joy Tobler - tradução de Ana Amália Alves<a href="http://3.bp.blogspot.com/-I6Q3Bd-ZK_0/T38ODE95jVI/AAAAAAAAAGM/-HdzUT57ck8/s1600/squirrel%2Bdrey.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="http://3.bp.blogspot.com/-I6Q3Bd-ZK_0/T38ODE95jVI/AAAAAAAAAGM/-HdzUT57ck8/s320/squirrel%2Bdrey.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5728312697074322770" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Esquilos</span><br /><br />Moleques, conhecendo os ramos<br />da vida de topo de árvore ao perseguir um ao outro<br />em cima e abaixo das hastes*,<br />e mesmo além dos limites dessas pranchas elásticas –<br />para não cair no profundo,<br />mas para voar cruzando a divisa<br />até o próximo galho bem vindo<br />ou adentro do oceano vizinho.<br /><br />Eles alegaram ser essa árvore<br />uma propriedade exclusiva deles,<br />expulsando os assentados pombos<br />e corvos intrusos;<br />continuaram a afinar suas proezas<br />atléticas e ginásticas até que, exaustos<br />e famintos, eles retornaram ao ninho<br />para beber da mãe o nutritivo milkshake.<br /><br />_________<br /><br />*Twig (hastes, pontas finais dos galhos) também pode ser um verbo de uso mais informal para indicar o ato de compreender, dar-se conta de algo.<br /><br />Tradução de Squirrels – Abigail Joy Tobler<br />© Ana Amália Alves (anaamaliaalves@hotmail.com)<br /><br />(<span style="font-weight:bold;">Squirrels</span>. In: Abigail Joy Tobler. <span style="font-style:italic;">Pebbles, puddles and poppies – outlooks on the world around and the world within</span>. Hazlemere: Abigail Books, 2004).<br /><br />Fonte da imagem: http://frogdawn.blogspot.com.br/Ana Amáliahttp://www.blogger.com/profile/16560411221447746987noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2596563898382621276.post-79014620661465167852012-03-14T18:26:00.002-07:002012-03-14T18:30:44.144-07:00Diana Bellessi<span style="font-weight:bold;">Variaciones de la luz</span><br /><br />Un revuelo naranja al poniente<br />en lucha libre con el violeta<br />donde se hace de repente un claro<br />verde como aquel rayo purísimo<br />perseguido en la juventud<br />y al fondo el coro de gallinetas<br />y un silencio al frente que corta<br />el tajo de luna con más silencio<br />y plata y noche hasta que sólo<br />quedan las luces de tu casa<br />a veces como mágicas naranjas<br />dulces y en la soledad amargas<br /><br /><br />(In: Variaciones de la luz. Buenos Aires: Bajo la luna/Poesia en obra, 2006.)Ana Amáliahttp://www.blogger.com/profile/16560411221447746987noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2596563898382621276.post-42316064977924647852012-01-29T14:41:00.000-08:002012-01-29T14:44:39.581-08:00Martín Gambarotta1<br /><br /><br />Una pieza<br /><br />donde el espacio del techo es igual<br /><br />al del piso que a su vez es igual<br /><br />al de cada una de las cuatro paredes<br /><br />que delimitan un lugar sobre la calle.<br /><br />La bruma se traslada a su mente<br /><br />vacía, no sabe quién es y el primer<br /><br />pensamiento "un perro que se da cuenta que es perro<br /><br />deja de serlo" vuelve a formar parte<br /><br />del sueño pero aparece, difusa,<br /><br />la maceta: una pava abollada con plantas<br /><br />en el centro de la mesa: dos caballetes<br /><br />sosteniendo una tabla de madera<br /><br />-entonces está despierto.<br /><br />Las manchas de óxido en el cielo-<br /><br />el color de la luz sobre las cosas, el cielo<br /><br />que se retrae y es óxido borroneado<br /><br />entre sus ojos y cae dormido de nuevo, pero aparece<br /><br />un orden en la materia despierta.<br /><br />La ubicación lúcida<br /><br />del lugar en el día, el ruido,<br /><br />el cuerpo latiendo,<br /><br />la ruina de una idea que corre<br /><br />por una red de nervios,<br /><br />palabras de acero<br /><br />contenidas en un soplo:<br /><br />un orificio cabeza de alfiler<br /><br />en una cavidad del corazón.<br /><br /><br />(In: <span style="font-style:italic;">Punctum</span>. Buenos Aires-Bahía Blanca: Mansalva-Vox, 2011).Ana Amáliahttp://www.blogger.com/profile/16560411221447746987noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2596563898382621276.post-48766112770413015342011-10-07T17:26:00.000-07:002011-10-07T17:30:06.713-07:00Carta a um poeta<strong>Meu caro poeta,<br /><br />Por um lado foi bom que me tivesses pedido resposta urgente, senão eu jamais escreveria sobre o assunto desta, pois não possuo o dom discursivo e expositivo, vindo daí a dificuldade que sempre tive de escrever em prosa. A prosa não tem margens, nunca se sabe quando, como e onde parar. O poema, não; descreve uma parábola tracada pelo próprio impulso (ritmo); é que nem um grito. Todo poema é, para mim, uma interjeição ampliada; algo de instintivo, carregado de emoção. Com isso não quero dizer que o poema seja uma descarga emotiva, como o fariam os românticos. Deve, sim, trazer uma carga emocional, uma espécie de radioatividade, cuja duração só o tempo dirá. Por isso há versos de Camões que nos abalam tanto até hoje e há versos de hoje que os pósteros lerão com aquela cara com que lemos os de Filinto Elísio. Aliás, a posteridade é muito comprida: me dá sono. Escrever com o olho na posteridade é tão absurdo como escreveres para os súditos de Ramsés II, ou para o próprio Ramsés, se fores palaciano. Quanto a escrever para os contemporâneos, está muito bem, mas como é que vais saber quem são os teus contemporâneos? A única contemporaneidade que existe é a da contingência política e social, porque estamos mergulhados nela, mas isto compete melhor aos discursivos e expositivos , aos oradores e catedráticos. Que sobra então para a poesia? - perguntarás. E eu te respondo que sobras tu. Achas pouco? Não me refiro à tua pessoa, refiro-me ao teu eu, que transcende os teus limites pessoais, mergulhando no humano. O Profeta diz a todos: "eu vos trago a verdade", enquanto o poeta, mais humildemente, se limita a dizer a cada um: "eu te trago a minha verdade." E o poeta, quanto mais individual, mais universal, pois cada homem, qualquer que seja o condicionamento do meio e e da época, só vem a compreender e amar o que é essencialmente humano. Embora, eu que o diga, seja tão difícil ser assim autêntico. Às vezes assalta-me o terror de que todos os meus poemas sejam apócritos! <br /><br />Meu poeta, se estas linhas estão te aborrecendo é porque és poeta mesmo. Modéstia à parte, as disgressões sobre poesia sempre me causaram tédio e perplexidade. A culpa é tua, que me pediste conselho e me colocas na insustentável situação em que me vejo quando essas meninas dos colégios vêm (por inocência ou maldade dos professores) fazer pesquisas com perguntas assim: "O que é poesia? Por que se tornou poeta? Como escrevem os seus poemas?" A poesia é dessas coisas que a gente faz mas não diz. <br /><br />A poesia é um fato consumado, não se discute; perguntas-me, no entanto, que orientação de trabalho seguir e que poetas deves ler. Eu tinha vontade de ser um grande poeta para te dizer como é que eles fazem. Só te posso dizer o que eu faço. Não sei como vem um poema. Às vezes uma palavra, uma frase ouvida, uma repentina imagem que me ocorre em qualquer parte, nas ocasiões mais insólitas. A esta imagem respondem outras. Por vezes uma rima até ajuda, com o inesperado da sua associação. (Em vez de associações de idéias, associações de imagem; creio ter sido esta a verdadeira conquista da poesia moderna.) Não lhes oponho trancas nem barreiras. Vai tudo para o papel. Guardo o papel, até que um dia o releio, já esquecido de tudo (a falta de memória é uma bênção nestes casos). Vem logo o trabalho de corte, pois noto logo o que estava demais ou o que era falso. Coisas que pareciam tão bonitinhas, mas que eram puro enfeite, coisas que eram puro desenvolvimento lógico (um poema não é um teorema) tudo isso eu deito abaixo, até ficar o essencial, isto é, o poema. Um poema tanto mais belo é quanto mais parecido for com o cavalo. Por não ter nada de mais nem nada de menos é que o cavalo é o mais belo ser da Criação. <br /><br />Como vês, para isso é preciso uma luta constante. A minha está durando a vida inteira. O desfecho é sempre incerto. Sinto-me capaz de fazer um poema tão bom ou tão ruinzinho como aos 17 anos. Há na Bíblia uma passagem que não sei que sentido lhe darão os teólogos; é quando Jacob entra em luta com um anjo e lhe diz: "Eu não te largarei até que me abençoes". Pois bem, haverá coisa melhor para indicar a luta do poeta com o poema? Não me perguntes, porém, a técninca dessa luta sagrada ou sacrílega. Cada poeta tem de descobrir, lutando, os seus próprios recursos. Só te digo que deves desconfiar dos truques da moda, que, quando muito, podem enganar o público e trazer-te uma efêmera popularidade. <br /><br />Em todo caso, bem sabes que existe a métrica. Eu tive a vantagem de nascer numa época em que só se podia poetar dentro dos moldes clássicos. Era preciso ajustar as palavras naqueles moldes, obedecer àquelas rimas. Uma bela ginástica, meu poeta, que muitos de hoje acham ingenuamente desnecessária. Mas, da mesma forma que a gente primeiro aprendia nos cadernos de caligrafia para depois, com o tempo, adquirir uma letra própria, espelho grafológico da sua individualidade, eu na verdade te digo que só tem capacidade e moral para criar um ritmo livre quem for capaz de escrever um soneto clássico. Verás com o tempo que cada poema, aliás, impõe sua forma; uns, as canções, já vêm dançando, com as rimas de mãos dadas, outros, os dionisíacos (ou histriônicos, como queiras) até parecem aqualoucos. E um conselho, afinal: não cortes demais (um poema não é um esquema); eu próprio que tanto te recomendei a contenção, às vezes me distendo, me largo num poema que vai lá seguindo com os detritos, como um rio de enchente, e que me faz bem, porque o espreguiçamento é também uma ginástica. Desculpa se tudo isso é uma coisa óbvia; mas para muitos, que tu conheces, ainda não é; mostra-lhes, pois, estas linhas. <br /><br />Agora, que poetas deves ler? Simplesmente os poetas de que gostares e eles assim te ajudarão a compreender-te, em vez de tu a eles. São os únicos que te convêm, pois cada um só gosta de quem se parece consigo. Já escrevi, e repito: o que chamam de influência poética é apenas confluência. Já li poetas de renome universal e, mais grave ainda, de renome nacional, e que no entanto me deixaram indiferente. De quem a culpa? De ninguém. É que não eram da minha família. <br /><br />Enfim, meu poeta, trabalhe, trabalhe em seus versos e em você mesmo e apareça-me daqui a vinte anos. Combinado? <br /><br />Mario Quintana </strong><br /><a href="http://2.bp.blogspot.com/-25V5_eAEpA8/To-ZIDQQugI/AAAAAAAAAEk/4c2cW6dmWPA/s1600/Foto0247.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="http://2.bp.blogspot.com/-25V5_eAEpA8/To-ZIDQQugI/AAAAAAAAAEk/4c2cW6dmWPA/s320/Foto0247.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5660911620219517442" /></a><br /> (Quarto do poeta, Casa Mario Quintana - Porto Alegre/RS)Ana Amáliahttp://www.blogger.com/profile/16560411221447746987noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2596563898382621276.post-49306228311701341152011-08-16T13:52:00.000-07:002011-08-16T14:08:42.918-07:00Novos críticos e curadores lembrando a poesia surrealista<a href="http://2.bp.blogspot.com/-pDRzPzdAV0w/TkrZE0OiRhI/AAAAAAAAAEc/scQz3km4YUE/s1600/EsqueletoDelicadoRessucitado.jpeg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 233px; height: 320px;" src="http://2.bp.blogspot.com/-pDRzPzdAV0w/TkrZE0OiRhI/AAAAAAAAAEc/scQz3km4YUE/s320/EsqueletoDelicadoRessucitado.jpeg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5641560159997281810" /></a>
<br />
<br />
<br />Esqueleto Delicado Ressuscitado
<br />
<br />Viva a vaia
<br />A lua está cheia
<br />A nau dos insensatos leva seres sem cabeça...
<br />E ali permanece até hoje
<br />é gordo e cremoso;
<br />mas nem sempre é assim.
<br />Num dia de sol, a lua estará brilhante
<br />Participação do espectador
<br />Arte é movimento
<br />um sonho...
<br />e no fim, tudo virou conceitual.
<br />
<br />
<br />Ana Amália Alves, Arlete de Oliveira, Fabiana Sciarotta, Fabiane Nielebock, Fernanda Vieira, Gabriela Oliveira, Jefferson Campos, Thaís Hoffmann, Wagner Lungov, Zinia Carvalho.
<br />
<br />Poema elaborado a partir da proposta de Mônica Rodrigues da Costa na aula de Arte Contemporânea e Poéticas Experimentais. Especialização em Arte: Crítica e Curadoria. PUC-SP.Ana Amáliahttp://www.blogger.com/profile/16560411221447746987noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2596563898382621276.post-59123095769812884972011-05-31T18:41:00.000-07:002011-05-31T18:50:03.758-07:001a curadoria: Hilda HilstComo estamos no mês dos namorados, nada mais propício e clichê que falar do amor.<br />Esses poemas de Hilda Hilst vão além. Musicados por Zeca Baleiro, ficaram lindos.<br /><br />I<br /><br />É bom que seja assim, Dionísio,<br />que não venhas.<br />Voz e vento apenas<br />Das coisas do lá fora<br /><br />E sozinha supor<br />Que se estivesses dentro<br /><br />Essa voz importante e esse vento<br />Das ramagens de fora<br /><br />Eu jamais ouvira. Atento<br />meu ouvido escutaria<br />o sumo do teu canto. Que não venhas,<br />Dionísio.<br />Porque é melhor sonhar tua rudeza<br />E sorver reconquista a cada noite<br />Pensando: amanhã sim, virá.<br />E o tempo de amanhã será riqueza:<br />A cada noite, eu Ariana, preparando<br />Aroma e corpo. E o verso a cada noite<br />se fazendo de tua sábia ausência.<br /><br />_________________________________<br /><br /><br />II<br /><br />Porque tu sabes que é de poesia<br />Minha vida secreta. Tu sabes,<br />Dionísio,<br />Que a teu lado te amando,<br />Antes de ser mulher sou inteira<br />poeta.<br />E que o teu corpo existe porque o<br />meu<br />Sempre existiu cantando.<br />Meu corpo, Dionísio, <br />É que move o grande corpo teu<br /><br />Ainda que tu me vejas extrema e<br />suplicante<br />Quando amanhece e me dizes adeus.<br /><br /><br />(In: <em>Júbilo memória noviciado da paixão</em>, 1974, Globo Editora)Ana Amáliahttp://www.blogger.com/profile/16560411221447746987noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2596563898382621276.post-47446068013613973482011-05-15T18:38:00.000-07:002011-05-15T18:40:30.674-07:00CuradoriasApós quase dois meses sem post, volto com a novidade: estou criando curadorias poéticas. A cada mês teremos uma.<br /><br />Aguardem! (E mandem sugestões!)Ana Amáliahttp://www.blogger.com/profile/16560411221447746987noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2596563898382621276.post-61965402896140662492011-03-21T08:57:00.000-07:002011-03-21T08:59:18.701-07:0021 de março: Dia Mundial da Poesia"<em>As poetry reaches deeply into the innermost efforts of men and women to create and reflect, it has the capacity to sustain dialogue amid the diversity of human expression</em>". <br /><br />In: <a href="http://portal.unesco.org/culture/en/ev.php-URL_ID=41602&URL_DO=DO_TOPIC&URL_SECTION=201.html">Message from Irina Bokova, Director-General of UNESCO, on the occasion of the World Poetry Day, 21 March 2011</a>Ana Amáliahttp://www.blogger.com/profile/16560411221447746987noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2596563898382621276.post-18007989617466442732011-03-04T15:44:00.000-08:002011-03-04T15:46:47.122-08:00Homenagem a Augusto de Campos, 80Augusto de Campos fez 80 anos. A revista Errática apresenta uma comemoração multimidiática com vários artistas:<br /><br /><a href="http://erratica.com.br/opus/104/index.html">http://erratica.com.br/opus/104/index.html</a>Ana Amáliahttp://www.blogger.com/profile/16560411221447746987noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2596563898382621276.post-4968101428027288512011-03-04T15:29:00.000-08:002011-03-04T15:32:38.241-08:00Eucanaã Ferraz<strong>De ti</strong><br /><br />Já não recorro às fotografias<br />- perfil, pose, paisagem -<br /><br />como o cego ao cão<br />que fia o caminho.<br /><br />Deixei que os dias<br />- outro cão, todo dentes - <br /><br />te devorassem<br />os arames nítidos do foco.<br /><br />Fiquei com o que sei<br />de cor<br /><br />- outro cão, em mim,<br />garra e faro -<br /><br />no extremo<br />dos meus dedos.<br /><br />(In: <em>Rua do mundo</em> - Companhia das Letras,2004)Ana Amáliahttp://www.blogger.com/profile/16560411221447746987noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2596563898382621276.post-40830390031782461112011-02-16T16:37:00.000-08:002011-02-16T16:38:49.707-08:00Indicação de site<strong>Poemas Clássicos - Biblioteca Digital Ciudad Seva <br /><br /><a href="http://www.ciudadseva.com/bibpoe.htm">http://www.ciudadseva.com/bibpoe.htm</a></strong>Ana Amáliahttp://www.blogger.com/profile/16560411221447746987noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2596563898382621276.post-57903210790084197812011-01-30T17:32:00.000-08:002011-01-30T17:36:00.973-08:00Ronaldo Wernecksem <br /><br />ti<br /><br />mental<br /><br />eu <br /><br /> sou<br /><br /><br /><br />(In: <em>Minerar o branco</em>, 2008.)Ana Amáliahttp://www.blogger.com/profile/16560411221447746987noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2596563898382621276.post-90880472091458037072011-01-05T05:17:00.000-08:002011-01-05T05:19:21.763-08:00Ainda Arnaldo Antunes<a href="http://2.bp.blogspot.com/_ts2DXaYRqoM/TSRvawBA5JI/AAAAAAAAAEM/wPNEN7AL-8U/s1600/Antunes_theand.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 264px;" src="http://2.bp.blogspot.com/_ts2DXaYRqoM/TSRvawBA5JI/AAAAAAAAAEM/wPNEN7AL-8U/s320/Antunes_theand.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5558690345438471314" /></a><br /><br />(Arnaldo Antunes - The and. Disponível em: http://www.imediata.com/BVP/Arnaldo_Antunes/index.html acessado em 05/01/2001).Ana Amáliahttp://www.blogger.com/profile/16560411221447746987noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2596563898382621276.post-19626116841815270262011-01-05T05:12:00.000-08:002011-01-05T05:13:57.841-08:00Poesia Visual BrasileiraIndico o site:<br /><br /><a href="http://www.imediata.com/BVP/">http://www.imediata.com/BVP/</a>Ana Amáliahttp://www.blogger.com/profile/16560411221447746987noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2596563898382621276.post-58064676948525344092010-11-28T07:02:00.000-08:002010-11-28T07:04:09.379-08:00Arnaldo AntunesCultura<br />Arnaldo Antunes<br />O Globo: 26/07/2009<br /><br />O girino é o peixinho do sapo.<br /><br />O silêncio é o começo do papo.<br /><br />O bigode é a antena do gato.<br /><br />O cavalo é o pasto do carrapato.<br /><br />O cabrito é o cordeiro da cabra.<br /><br />O pescoço é a barriga da cobra.<br /><br />O leitão é um porquinho mais novo.<br /><br />A galinha é um pouquinho do ovo.<br /><br />O desejo é o começo do corpo.<br /><br />Engordar é tarefa do porco.<br /><br />A cegonha é a girafa do ganso.<br /><br />O cachorro é um lobo mais manso.<br /><br />O escuro é a metade da zebra.<br /><br />As raízes são as veias da seiva.<br /><br />O camelo é um cavalo sem sede.<br /><br />Tartaruga por dentro é parede.<br /><br />O potrinho é o bezerro da égua.<br /><br />A batalha é o começo da trégua.<br /><br />Papagaio é um dragão miniatura.<br /><br />Bactéria num meio é cultura.<br /><br />(Disponível em http://www.arnaldoantunes.com.br/sec_textos_list.php?page=1&id=212)Ana Amáliahttp://www.blogger.com/profile/16560411221447746987noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2596563898382621276.post-62736492607017997192010-10-27T16:35:00.000-07:002010-10-27T16:38:26.047-07:00Arnaldo Antunesagagueiraquasepalavra<br />quaseaborta<br />apalavraquasesilêncio<br />quasetransborda<br />osilêncioquaseeco<br /><br />(In: <em>2 ou + corpos no mesmo espaço</em>, São Paulo: Perspectiva, 1997).Ana Amáliahttp://www.blogger.com/profile/16560411221447746987noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2596563898382621276.post-12523653317948427032010-10-20T15:53:00.001-07:002010-10-20T15:58:22.450-07:00Dia dos PoetasPelo fim do automatismo <br />Pela novidade do olhar<br />Pelas novas formas de significar<br />Pelos significados que consigo <br />Pela imagens nunca antes vistas<br />Pelos sentidos nunca antes vividos<br />Pela crítica nunca antes sentida<br />E por não ficar sozinha<br />Poetas: é de vocês o meu respeito.Ana Amáliahttp://www.blogger.com/profile/16560411221447746987noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2596563898382621276.post-25805551811583718662010-10-18T05:54:00.000-07:002010-10-18T05:56:41.538-07:00Augusto de Campos<em>Rose para Gertrude</em><br /><br /><a href="http://4.bp.blogspot.com/_ts2DXaYRqoM/TLxDjSXgXiI/AAAAAAAAAEA/XLTQGCBwL-w/s1600/roseisarose.bmp"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 251px; height: 320px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_ts2DXaYRqoM/TLxDjSXgXiI/AAAAAAAAAEA/XLTQGCBwL-w/s320/roseisarose.bmp" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5529368716009037346" /></a><br /><br />(<em>Intraduções</em>, 1988).Ana Amáliahttp://www.blogger.com/profile/16560411221447746987noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2596563898382621276.post-35156115689034049322010-10-08T19:06:00.000-07:002010-10-08T19:13:48.940-07:00Vicente Huidobro<strong>Arte Poética</strong><br /><br />Que el verso sea como una llave<br />Que abra mil puertas.<br />Una hoja cae; algo pasa volando;<br />Cuanto miren los ojos creado sea.<br />Y el alma del oyente quede temblando.<br /><br />Inventa mundos nuevos y cuida tu palabra;<br />El adjetivo, cuando no da vida, mata.<br /><br />Estamos en el ciclo de los nervios.<br />El músculo cuelga,<br />Como recuerdo, en los museos;<br />Mas no por eso teremos menos fuerza:<br />El vigor verdadero<br />Reside en la cabeza.<br /><br />Por qué cantáis la rosa, ¡oh, Poetas!<br />Hacedla florecer en el poema;<br /><br />Sólo para nosotros<br />Viven todas las cosas bajo el Sol.<br /><br />El Poeta es un pequeño Dios.<br /><br />(In: <em>Vicente Huidobro - Antopologia Poética</em>. Chile: Zig-Zag, 2003).Ana Amáliahttp://www.blogger.com/profile/16560411221447746987noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2596563898382621276.post-21144594240432826412010-09-24T16:52:00.000-07:002010-09-24T16:55:51.135-07:00Video: clique!Eucanaã Ferraz recitando seus poemas, com introdução ao primeiro: <em>Do grande hotel do porto (gaivotas</em>); <em>O não</em> e <em>Setembro</em><br />E de novo, uma dessas palmas é minha. Sem dúvida.<br /><br /><a href="http://www4.pucsp.br/revistafronteiraz/download/videos/player2.swf?path=eucana_ferraz.flv">http://www4.pucsp.br/revistafronteiraz/download/videos/player2.swf?path=eucana_ferraz.flv</a>Ana Amáliahttp://www.blogger.com/profile/16560411221447746987noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2596563898382621276.post-64052708538841140852010-09-24T16:44:00.000-07:002010-09-24T16:45:26.808-07:00Video: cliqueAntonio Cicero e Eucanaã Ferraz recitando Minos.<br />E uma dessas palmas é minha.<br /><br /><a href="http://www4.pucsp.br/revistafronteiraz/download/videos/player2.swf?path=poetas_eucana_antonio.flv">http://www4.pucsp.br/revistafronteiraz/download/videos/player2.swf?path=poetas_eucana_antonio.flv</a>Ana Amáliahttp://www.blogger.com/profile/16560411221447746987noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2596563898382621276.post-64022924875653145912010-09-24T16:23:00.000-07:002010-09-24T16:27:56.140-07:00Indicação de siteLeia a Revista Digital do Programa de Estudos Pós Graduados em Literatura e Crítica Literária da PUC-SP:<br /><br /><a href="http://www4.pucsp.br/revistafronteiraz/">http://www4.pucsp.br/revistafronteiraz/</a>Ana Amáliahttp://www.blogger.com/profile/16560411221447746987noreply@blogger.com0